domingo, 7 de novembro de 2010

Joalheria para o corpo

Há quase 50 anos uma revolução no conceito de joalheria apresentou ao mundo novas possibilidades de adornos corporais, muito mais saudáveis e satisfatórios que os milhares de modelos utilizados há séculos, por mulheres e homens.


 O jovem Roland Loomis, nascido em 10 de Agosto de 1930 em Aberdeen (Dakota do Sul  EUA), fez seu primeiro piercing aos 12 anos. Sua primeira aparição como Fakir Musafar foi durante a 1ª Convenção Internacional de Tatuagem de Reno, Nevada, em 1977.
 



Fakir Musafar, desde os anos 40 pesquisou em seu próprio corpo qual o melhor material para joalherias que pudessem oferecer segurança em termos de resistência física, higiene, durabilidade, entre outros requisitos que preenchessem as necessidades que suas modificações corporais exigiam.


 Nos anos 60 encontrou pessoas que o auxiliaram na criação de novos modelos de joalheria, baseados em costumes de povos e grupos que tradicionalmente modificam seus corpos. Jim Ward (na foto em sua oficina) fundador da Gauntlet - a primeira loja de body piercing - forjou as primeiras jóias, juntamente com Douglas Malloy e Fakir Musafar que consagraram o aço cirúrgico (316L) como o material ideal para suas novas técnicas, as mesmas utilizadas até hoje com algumas adaptações e poucas alterações no design.

Os novos modelos inovaram na expessura e em um importante detalhe que contribuiu definitivamente para o melhor resultado das perfurações, permitindo que elas pudessem voltar a serem praticadas utilizando todas as partes do corpo tradicionalmente perfuradas como sobrancelha, umbigo, nariz, língua e lábios, além dos mamilos e órgãos genitais. Esse detalhe trata-se da expessura da joalheria ter a medida constante ao longo de todo o seu "corpo" que fica em contato com a área do tecido que a recobre, ou seja, todo o ferimento causado na pele que estará em contato com o brinco constantemente até a cicatrização e mesmo depois dela não será alargado e permanecerá com sua medida constantemente preservada pelo design da jóia, mesmo que esta se movimente.
E as peças que estarão em contato com o ferimento em suas saídas serão esféricas, facilitando a higienização e o não acúmulo de secreção, naturalmente expelida pelos furos durante certo período. Há que se observar o fato de que o aço apresenta-se como material ideal pois pode permanecer por meses, anos, na perfuração sem ser retirado pois sua liga é adaptável ao organismo (bio compatível).

Anteriormente, as jóias - que ainda são usadas largamente por todo o mundo - possuíam fechos finos, de expessura insuficiente para segurar o peso de seus pingentes, provocando cortes nos lóbulos, até chegarem ao extremo de saírem das orelhas, numa espécie de migração da jóia, seguindo a notória Lei de Newton, a Lei da Gravidade.
Me explico: imaginem um balde cheio de água. Como carregar o balde se ao invés de um arame grosso, que é sempre usado como alça, segurássemos todo aquele peso da água apenas com um fino e resistente fio de nylon?
Cortaríamos os dedos, pois o peso não seria compatível à área de contato que o sustentaria (Industrial Streght) assim como o lóbulo da orelha que se corta com o brinco porque é uma parte muito delgada e fácil de ser perfurada, alterada, cortada, alargada, enfim, modificada.


No lóbulo, há que se utilizar uma jóia de no mínimo 1.2mm (18G) ou 1.6mm (16G). Em adultos melhor ainda se a perfuração (piercing) for de 2.0mm (14G), o dobro da expessura que verificamos nos brincos de tarracha, por exemplo, que possuem 1.0mm (20G), ou aqueles em forma de anzol, que chegam a ter 0.8mm (22G), muito finos para suportarem pingentes que muitas vezes são bem pesados.
Além de muitas vezes o brinco ter medida insuficiente no comprimento da área que fica dentro da perfuração, que fica comprimida pela tarracha e a frente da peça, ou no caso das argolas a parte mais grossa entra no furo, alargando-o de forma indesejável, sem contar que estas argolas costumam ser de prata ou outro metal inferior, todos oxidáveis e portanto prejudiciais ao organismo, o que não acontece com o aço cirúrgico, que é inoxidável.


A revolução promovida por Fakir Musafar, Doug Malloy e Jim Ward (foto), consistiu em modificar o design das jóias de modo a proporcionar uma melhor cicatrização, permitindo que elas fossem feitas em diversas partes do corpo, como eram tradicionalmente realizadas por comunidades tribais, povos ditos "primitivos", mas dessa vez com materiais modernos como o aço das jóias e das agulhas que passaram a ser descartáveis, além dos novos conceitos de higienização e redução de danos, que vieram a somar e unir duas áreas distintas: a medicina e a arte. O conhecimento e a tradição dos povos antigos e o materiais e técnicas modernas, daí o termo cunhado por Fakir nessa época: Modern Primitives, referindo-se aos novos praticantes de modificação corporal, os "Primitivos Modernos".

Um comentário:

  1. Olá Filipe. Super bacana seu blog.
    Fiz um trabalho de graduação em 2007, em q eu retratei uma galera com body modification. Maior parte em SP. Uma pena não ter falado contigo. Espero q possamos fazer algo em breve.
    Tem umas fotos no meu site http://www.jussaramartins.com/
    Você vai reconhecer algumas pessoas, ou quase todas. rs
    Abraços e um brinde a arte.

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