terça-feira, 1 de março de 2011

O Colecionador de Ossos

E agora um pouco sobre minhas Colagens, algumas que consegui scanear pois são de tamanho reduzido, formato 25X18cm aproximadamente.
Algumas são antigas, outras mais recentes, mas nenhuma havia sido divulgada ainda. 
Aos poucos vou fotografar as que ainda faltam ser divulgadas e que necessitam um bom registro, pois sucata por vezes se deteriora se não bem cuidada e conservada; algumas colagens não tenho mais pois foram passadas para outras pessoas, que ganharam ou compraram.



Mondo Circolo - 2007

Recuperando dois desenhos de caveiras em nanquim
feitos aos 16 anos, acrescentei uma caveira exumada, algum indício de possível contaminação e morte por radiação e um gordo - redondo como o planeta Terra, um mundo circular - chamado W.D. Cowan, que aos 23 anos chegou a pesar 336 kg, com 1,83m de altura; casou-se em 1956 com uma mulher de 163 kg e morreu 4 meses depois.
E ainda elaborei esta Colagem como se fosse uma carta, um postal endereçado a mim, enviado por Karin da Holanda, e ainda um selo holandês e um suíço da minha coleção, pois sou Filatelista desde os 6 anos de idade. 


Paulista na Parada - 2009

Colagem a partir de fragmantos encontrados na Avenida Paulista
após a Parada Gay de SP, de 2009.
Nunca consegui participar da Parada, este ano achei que fosse conseguir, mas cheguei na Av. Paulista Às 23h e não tinha mais ninguem, só tinha sobrado o lixo por toda a avenida.


Reveillon em Lisboa I - 1996

A convite do meu pai, fui à Europa
em 1995 e passei as festas de virada de ano lá,
com ele e meu irmão.
Nem preciso dizer que trouxe uma quantidade imensa
de papéis, livros, mapas, entre outros objetos que
ainda tenho guardado e que por vezes resolvo colar
para resgatar a lembrança daquela que foi minha única ida à Europa, com momentos fascinantes e inesquecíveis.
Conhecer Portugal, foi excelente para conhecer melhor o Brasil e principalmente os brasileiros.
E o Reveillon foi animado pelo Olodum, na praça central. 

iolas, trapézbos, luas e suas pinturias ambig - 1999

Minha família tem muita influência japonesa.
Meu irmão é casado com uma japonesa.
Meu pai é casado com um japonês.
Já tive várias namoradas japonesas.
Meu melhor amigo de infância era japonês.
Cresci em cidades com forte imigração japonesa.
Na infância, fiz Judô e Karatê, estilo Shotokan, até a faixa marrom.

Yakult, do Sr. Shirota fez parte da minha vida até os 14 anos. E Toddy... bem, mamava litros de leite com Toddy
até ter problemas de pedras no Rim esquerdo.

Sempre gostei de ossos, por isso a referência sempre constante.

E o título saiu de um fragmento de cartão telefônico, colado no alto do lado direito.

A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE ANTONIA - 1999

Colagem em referência ao filme homônimo,
vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro,
sendo holandês, derrotando na ocasião o concorente do Brasil, o filme "Quatrilho".

Encontrei esse texto em minha mesa de trabalho
um dia, em casa... levei anos pra descobrir que tinha sido escrito pelo Cabeto, irmão do Giba G que reconheceu sua assinatura.
O texto original é do filme holandês que narra a saga de uma família matriarcal: 4 gerações de uma família holandesa de predomínio feminino.
Somei a alguns selos holandeses que ganhei de Karin, minha amiga da Holanda. 

Amor tece dor - 2001

FUSCA BRANCO CJD 1085 
Colagem a partir de uma imagem
(abaixo ao lado direito)
de quadrados brancos sobrepostos
que considero simbolizam de forma abstrata
meu Fusca branco, que tive durante 6 anos
até o ano de 2000, quando o vendi pra Karin
minha amiga holandesa, e seu marido Marteen.


O brasileiro é um feriado - 2002

Nome inspirado na frase do Nelson Rodrigues
cuja obra está totalmente baseada nas relações
familiares, conjugais.
Por isso o casal do cigarro, reclamando da impotência do marido, mais umas pílulas estimulantes e afrodisíacas, papel de fumar Smoking, lacre de uísque, uma foto da Estação de Trem de Campinas, minha cidade até então, entre outros elementos, coletados nesta cidade que foi o pano de fundo para muitos dos meus relacionamentos amorosos e familiares.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aprendiz de tatuador



Já tenho meu caderno de desenho, feito à mão pela Sara Panamby, minha companheira, que encadernou e construiu o caderno com capa de Chita, especialmente para que eu possa praticar o desenho, auxiliando na criação de futuras tatuagens, colagens, artes variadas.
 
Esse caderno é o primeiro de uma série por ela criada para sua marca PANANLIXO, de produtos feitos de sucata, caixas de leite, jornal, tecidos entre outros materiais reaproveitados.




Voltei a desenhar graças a esse presente feito por Sara
.
E principalmente porque tô seriamente tentado a começar a tatuar profissionalmente, pois já estou no ramo da modificação corporal há 15 anos e sempre trabalhei observando tatuadores de todos os estilos, o que me fez aprender toda a parte teórica e prática menos a parte de aplicação da tatuagem sobre a pele.

Tenho pouca experiência em dermopigmentação, ou tatuagem. Mas já fiz 2 tatuagens em pessoas que se submeteram ao risco de serem tatuadas por um iniciante e até que não ficaram tão ruins.


A primeira foi em André Lemgruber, quem me deu as primeiras aulas de tatuagem, e a segunda em Ricardo a.k.a. Jonathan, Dj sociólogo e amigo de S.Paulo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A primeira performance a gente nunca esquece

No começo dos anos 80 me formei no Pré Primário, no Colégio Santa Marcelina em Botucatu, SP.
Por ser um colégio de freiras, no ritual de formatura de dezembro um teatro seria encenado, com temática Cristã, no salão de festas do colégio.
Me voluntariei para participar da motagem da peça que contava o nascimento de Jesus, sob a ótica de um Vagalume, que seria quem? Eu.
Os ensaios foram realizados na casa dos pais de um dos alunos, amigo meu que nunca mais vi, e seu irmão de menos de um ano seria o Menino Jesus.
Além de participar dos ensaios, passei algumas tardes provando a roupa preta de vagalume, as asas de celofane e as luzes (LED) vermelhas que foram instaladas por baixo da roupa, por um amigo do meu pai, engenheiro elétrico. A maquiagem, no dia, foi minha mãe quem fez.

 
As luzes eram o ponto alto da peça, que narrava a caminhada triste e solitária de um Vagalume que viajava em direção à manjedoura em Belém onde nascera Jesus, e no caminho conversava com outros animais que ia encontrando, todos com presentes para o iluminado recém nascido. Menos ele, o Vagalume não tinha presente, esse era o seu tormento, não saber o que poderia dar a tão importante figura que acabava de nascer.


Então, após se aconselhar com as ovelhas, elas sugerem que ele dê uma rosa vermelha de presente, simbolizando o AMOR.

Considero essa minha primeira Performance, pelo processo que levou semanas e toda a experiência ter sido tão marcante e decisiva para que eu resolvesse fazer Teatro e me enveredar pelo universo das Artes do Corpo, dois anos mais tarde pelas Artes Plásticas e daí por diante nunca mais deixar de trabalhar com Arte, amador e profissionalmente.

Sou muito grato aos meus pais por me incentivarem nessa tragetória de 35 anos, possibilitando que eu fizesse cursos de Teatro, Piano, Cavaquinho, Violão, Coral, Judô, Karatê, Pintura, Desenho, Inglês, além de me apoiarem quando decidi fazer faculdade de Educação Artística e me formar Bacharel em Artes Plásticas, em 1999, na UNICAMP, carisonhamente apelidada por minha esposa e suas amigas da PUC SP, de UNICountry, por ser na ex-zona rural de Campinas, em Barão Geraldo.


Como se vê, sempre tive muito cabelo e uso barba desde os seis anos, mas a calça jeans parei de usar desde os 14.
Sempre fui meio hippie, desde criança fazendo performance de hippie, vestido de vagalume, depois fiz faculdade rural, faço performance com saia de osso, tintas orgânicas, plantas de poder, entre outras heranças dos anos 70, década em que nasci, além de ser filho de agrônomo e de estudante de Letras, protética e artesã.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ao Mestre com carinho

Conheçam agora meu verdadeiro Mestre: Schinke.

Nos encontramos pela primeira vez em 1997, na Fundição Progresso na Lapa, centro do Rio de Janeiro, por ocasião da Primeira Convenção Internacional de Tatuagem do RJ.
Fui à Convenção com o Trash (Marchioni Tattoos), com quem trabalhava na época, apenas há um ano e meio profissionalmente como body piercer. Nos hospedamos no mesmo hotel que Schinke, então pudemos conviver mais tempo com ele, no café da manhã e almoço, além do tempo em que passamos juntos no espaço da Convenção.



 Fotos de Xandó Tattoo, na Convenção de Tatuagem de SP de 2002.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aurora das Máquinas Abertas



Registros fotográficos da performance 
ritual de suspensão corporal "Aurora das Máquinas Abertas", 
de Filipe Espindola, Rafael Rosa e Sara Panamby, 
além dos músicos do ORBE.



Edição de Sara Panamby 
com cantos indígenas Karajá, Krenak e Mehinaku. 

Fotos Leandro Pena, Natália Russo e Thiago Ventura.

Apresentação na Galeria Prestes Maia
Virada Cultural São Paulo 2010.

http://viradacultural.org/programacao

Agradecimentos especiais ao Luciano Iritsu (and sista), Janaína Camargo, Manoel Garcia, Gordim, Gordex, T.Angel, André Fernandes, La Negra, Emília Aratanha e todos os não mencionados que ajudaram e contribuíram para que o evento se tornasse um marco na história da Modificação Corporal no Brasil.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Rio de Janeiro a Outubro de 2010

Em janeiro, casei-me com Sara Panamby na Bahia,
na manhã seguinte à noite em que acendemos uma vela azul nesse altar de Iemanjá.

Nestes dias de início de ano, desejei coisas que vêm se realizando de modo a validar minhas rezas e pensamentos sinceros, como por exemplo desenvolver um trabalho, desta vez mais consistente e produtivo, na cidade do Rio de Janeiro, com Sara, cidade onde já me tinha me apresentado duas outras vezes.
 Foi ela quem me mostrou o grupo transnacional LA POCHA NOSTRA, descoberto em seus estudos como aluna do curso de Artes do Corpo - Performance, cujo trabalho vem revolucionando o campo da Performance e das Artes de maneira geral, com sua estética e temática impactante e contundente, política e sarcástica, erótica e bizarra.


 Em outubro, o grupo veio ao Rio de Janeiro para duas apresentações (dias 04/05) no ART CENA Festival em Criação, em performances no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico. Antes disso, realizou na Fundição Progresso, na Lapa, um workshop de três dias durante oito horas por dia, com pessoas selecionadas por dois curadores dos mais gabaritados para a função: Eleonora Fabião e André Lepecki.


Texto do programa do festival sobre o grupo de São Francisco:

'O coletivo transnacional Pocha Nostra traz para a cidade um workshop de performance e a obra "Corpo Ilícito".O workshop será ministrado pelo performer, escritor, ativista e educador Guillermo Gómez-Peña, diretor artístico do Pocha Nostra; pela performer, coreógrafa e educadora colombiana Michele Ceballos e pela artista ítalo-brasileira Dani d'Emilia, cujo trabalho transita por diversas variações interdisciplinares da performance.
O workshop é destinado a artistas e não-artistas de diversas áreas de interesse e tem as seguintes propostas: ajudar artistas e estudantes questionadores a aguçarem e desenvolverem suas capacidades performáticas e analíticas; criar comunidades temporárias de artistas de diferentes disciplinas, idades, etnias e nacionalidades; desenvolver novos modelos de relacionamento entre artistas e comunidades, entre mentores e aprendizes; buscar uma nova estética interdisciplinar e híbrida, que reflita o espírito e as atribulações dos nossos tempos; descolonizar e repolitizar os corpos; tornar a performance pertinente para uma nova geração de potenciais ativistas artistas.

"Corpo Ilícito" foi criado por Guillermo Gómez-Peña com seus parceiros Roberto Sifuentes e Violeta Luna em colaboração com Dani d'Emilia, como parte de uma série de trabalhos intitulada Mapa-Corpo, que pesquisa o corpo humano como lugar de ativismo, de reinvenção de uma espiritualidade radical. A performance lida com o processo de reinvenção que os artistas, residentes no EUA, estão vivenciando com a transição para um novo momento histórico. Eles tentam prognosticar um futuro possível com seus corpos performáticos, explorando o legado cultural do "medo do outro" e do preconceito engendrado na era Bush, em contraste com uma cultura emergente calcada na esperança e na imaginação. "Corpo Ilícito", que surgiu da necessidade que os artistas sentiram de repensarseu posicionamento diante das mudanças sociais e políticas e de reavaliar seu lugar na partilha desse processo de relexão sobre o mundo, estreou na Bienal de Havana em 2009, fez apresentações no Trouble Festival em Bruxelas e em outros festivais.'

Tive a honra de ser selecionado, juntamente com Sara Panamby e mais 18 pessoas de todo o Brasil e outros países, para participar desse incrível workshop, além de performar com o grupo, no festival ART CENA, o trabalho intitulado

Corpo Ilícito:

The Post-Human Society 6.9


http://www.pochanostra.com/
http://www.artcenafestival.art.br/
http://www.youtube.com/watch?v=luLE1dNJm6Q

Seguem a seguir uma pequena seleção de fotos realizadas por Angela Alegria, durante o taller de performance do Grupo LA POCHA NOSTRA na Fundição Progresso, Lapa RJ, nos dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro.

Cierra los ojos.......... and, GO!!!!








Fotos Angela Alegria

domingo, 7 de novembro de 2010

Joalheria para o corpo

Há quase 50 anos uma revolução no conceito de joalheria apresentou ao mundo novas possibilidades de adornos corporais, muito mais saudáveis e satisfatórios que os milhares de modelos utilizados há séculos, por mulheres e homens.


 O jovem Roland Loomis, nascido em 10 de Agosto de 1930 em Aberdeen (Dakota do Sul  EUA), fez seu primeiro piercing aos 12 anos. Sua primeira aparição como Fakir Musafar foi durante a 1ª Convenção Internacional de Tatuagem de Reno, Nevada, em 1977.
 



Fakir Musafar, desde os anos 40 pesquisou em seu próprio corpo qual o melhor material para joalherias que pudessem oferecer segurança em termos de resistência física, higiene, durabilidade, entre outros requisitos que preenchessem as necessidades que suas modificações corporais exigiam.


 Nos anos 60 encontrou pessoas que o auxiliaram na criação de novos modelos de joalheria, baseados em costumes de povos e grupos que tradicionalmente modificam seus corpos. Jim Ward (na foto em sua oficina) fundador da Gauntlet - a primeira loja de body piercing - forjou as primeiras jóias, juntamente com Douglas Malloy e Fakir Musafar que consagraram o aço cirúrgico (316L) como o material ideal para suas novas técnicas, as mesmas utilizadas até hoje com algumas adaptações e poucas alterações no design.

Os novos modelos inovaram na expessura e em um importante detalhe que contribuiu definitivamente para o melhor resultado das perfurações, permitindo que elas pudessem voltar a serem praticadas utilizando todas as partes do corpo tradicionalmente perfuradas como sobrancelha, umbigo, nariz, língua e lábios, além dos mamilos e órgãos genitais. Esse detalhe trata-se da expessura da joalheria ter a medida constante ao longo de todo o seu "corpo" que fica em contato com a área do tecido que a recobre, ou seja, todo o ferimento causado na pele que estará em contato com o brinco constantemente até a cicatrização e mesmo depois dela não será alargado e permanecerá com sua medida constantemente preservada pelo design da jóia, mesmo que esta se movimente.
E as peças que estarão em contato com o ferimento em suas saídas serão esféricas, facilitando a higienização e o não acúmulo de secreção, naturalmente expelida pelos furos durante certo período. Há que se observar o fato de que o aço apresenta-se como material ideal pois pode permanecer por meses, anos, na perfuração sem ser retirado pois sua liga é adaptável ao organismo (bio compatível).

Anteriormente, as jóias - que ainda são usadas largamente por todo o mundo - possuíam fechos finos, de expessura insuficiente para segurar o peso de seus pingentes, provocando cortes nos lóbulos, até chegarem ao extremo de saírem das orelhas, numa espécie de migração da jóia, seguindo a notória Lei de Newton, a Lei da Gravidade.
Me explico: imaginem um balde cheio de água. Como carregar o balde se ao invés de um arame grosso, que é sempre usado como alça, segurássemos todo aquele peso da água apenas com um fino e resistente fio de nylon?
Cortaríamos os dedos, pois o peso não seria compatível à área de contato que o sustentaria (Industrial Streght) assim como o lóbulo da orelha que se corta com o brinco porque é uma parte muito delgada e fácil de ser perfurada, alterada, cortada, alargada, enfim, modificada.


No lóbulo, há que se utilizar uma jóia de no mínimo 1.2mm (18G) ou 1.6mm (16G). Em adultos melhor ainda se a perfuração (piercing) for de 2.0mm (14G), o dobro da expessura que verificamos nos brincos de tarracha, por exemplo, que possuem 1.0mm (20G), ou aqueles em forma de anzol, que chegam a ter 0.8mm (22G), muito finos para suportarem pingentes que muitas vezes são bem pesados.
Além de muitas vezes o brinco ter medida insuficiente no comprimento da área que fica dentro da perfuração, que fica comprimida pela tarracha e a frente da peça, ou no caso das argolas a parte mais grossa entra no furo, alargando-o de forma indesejável, sem contar que estas argolas costumam ser de prata ou outro metal inferior, todos oxidáveis e portanto prejudiciais ao organismo, o que não acontece com o aço cirúrgico, que é inoxidável.


A revolução promovida por Fakir Musafar, Doug Malloy e Jim Ward (foto), consistiu em modificar o design das jóias de modo a proporcionar uma melhor cicatrização, permitindo que elas fossem feitas em diversas partes do corpo, como eram tradicionalmente realizadas por comunidades tribais, povos ditos "primitivos", mas dessa vez com materiais modernos como o aço das jóias e das agulhas que passaram a ser descartáveis, além dos novos conceitos de higienização e redução de danos, que vieram a somar e unir duas áreas distintas: a medicina e a arte. O conhecimento e a tradição dos povos antigos e o materiais e técnicas modernas, daí o termo cunhado por Fakir nessa época: Modern Primitives, referindo-se aos novos praticantes de modificação corporal, os "Primitivos Modernos".

sábado, 10 de julho de 2010

Piercing não se faz em Farmácias!!!


 Já furei muuuuuitas orelinhas de nenê.
Em geral, são filhos e principalmente filhas de casais amigos ou pessoas que decidem não furar suas crianças em uma farmácia ou mesmo na Maternidade, hábito muito comum aqui e em muitos países.


Prefiro que tenha pelo menos um ano ou quase e que esteja nos braços do pai ou da mãe.
É super sossegado e muito mais seguro pelo método tradicional introduzido pelos studios de Body Piercing, feito com agulhas descartáveis e jóias de aço cirúrgico, do que furar com aquelas pistolas de brinco de tarracha, utilizadas em farmácias, em quase todos os países do mundo a partir dos anos 80.


Os pais passam muito mais segurança para a criança
que quando fura a orelha em seu próprio ambiente, em seu quarto por exemplo,
fica visivelmente mais tranquila e confiante, permitindo a melhor realização da perfuração.
 

Antes de furar, é possível examinar bem a orelha, iluminar com lanterninha para identificar possíveis "obstáculos" e detalhes para a escolha do local correto e ainda realizar uma pesquisa rápida sobre possíveis pontos de acupuntura para que não sejam perfurados, o que poderia ser muito indesejável tempos depois, caso alguma reação ocorrece.

A criança, que às vezes é tão nova que transfere o ocorrido para seu subconsciente depois de seu crescimento e passa a nunca mais se lembrar; mesmo assim, aproveitará melhor sua experiência se tiver um bom registro dessa situação, pois ela certamente ficará marcada em sua essência e para sempre em seu corpo.

Em São Paulo, a pequena Joana, meu amigo Camilo e sua companheira Nara.

Pistolas de furar de farmácia podem transmitir doenças como a Hepatite e o vírus do HIV, entre outras possibilidades de contaminação, pois propiciam o acúmulo de resíduos de tecidos das pessoas perfuradas no corpo da máquina que não é esterilizada, somente higienizada quando muito com álcool, e guardada na gaveta da farmácia pelo balconista - quase nunca é um farmacêutico - até o próximo cliente.

Em depoimento sobre o tema, disse Ana Cristina Irias (Tina): "...por isso que não uso brinco, furaram a minha orelha com a makininha, quande eu era criança. Alem de ficar desigual, uma orelha com o furo muito baixo e a outra muito alta, deu alergia, e nunca fechou...entao tenho medo de furar de novo e rasgar...".
 
Aliás farmácias são lojas de vender drogas (Drograrias) prescritas e legalizadas, não são locais para se furar as orelhas, nem o umbigo, nem sobrancelhas, nem nariz, nem nada.


As "jóias" são peças inadequadas para cicatrização ideal, com as horríveis tarrachinhas para fechar, excelentes para juntar secreção e de metal inferior ao do brinco enferrujando muito facilmente.
Além da pressão fechar o brinco muito apertado, é necessário retirar a tarracha - o que normalmente necessita o uso de certa força - e fechar a jóia novamente, recolocando a tarracha com menos pressão.



Júlia, trazida pelos pais para fazer o segundo furo no lóbulo direito, com jóia de 1.2mm (18G), um microbarbell reto de aço cirúrgico de 8mm de comprimento.


Júlia furou seu lóbulo, sua mãe Denise e seu irmão Igor furaram a cartilagem.
Os três acabaram por transformar a história toda num ritual de passagem coletivo, familiar.
A união entre eles se fortaleceu ao passarem, juntos, por uma situação de enfrentamento, de vivenciar e superar a dor, de embelezar-se de maneira semelhante mas cada um com sua peça personalizada. Diferenciação e repetição; aproximação e identificação.

Denise, mãe de Júlia e Igor, me conheceu através de sua sobrinha Rebeca, minha cliente que já virou amiga. Ela sempre fez seus piercings comigo e já se vão mais de 10, a maioria nas orelhas, umbigo e nariz, que perfurou a última vez na presença de sua irmã mais nova, Sarah, que na ocasião queria muito furar mas decidiu esperar, até sentir-se pronta o suficiente para enfrentar o medo da dor  e aceitar sua importante transformação, de natureza psicofísica.
Esperou, voltou e furou. E ficou linda!

O importante é que me sinto muito à vontade para indicar o que penso ser mais adequado para cada pessoa, oriento qual a melhor jóia a ser colocada, o melhor local do corpo, em que fase da vida, ética que sempre tive em todos meus 15 anos de perfurador corporal.

O ritual primitivo, modernizado com o aço.
Luvas, máscara, agulhas descartáveis
e um sentimento intenso de eufórica felicidade.
Realização.


Para mim, uma grande honra poder testemunhar momentos tão importantes na vida de pessoas que buscam na modificação corporal por perfuração, ou seja através do Body Piercing, uma forma de concretizarem desejos e sentimentos intraduzíveis.
E por confiarem a mim tarefa tão importante, de tamanha responsabilidade.


quarta-feira, 9 de junho de 2010

FELIX, o gato.


 
O Gato Felix foi um dos primeiros desenhos animados 
a serem produzidos no mundo
e surgiu na época do cinema mudo.

Naquela época, o Gato Felix já era figurinha conhecida dos norte americanos e dividia seu sucesso com outra personagem considerada, junto com Felix, um clássico das histórias em quadrinhos, a elegante Betty Boop.


A primeira imagem televisiva transmitida
foi uma imagem do Gato Felix, 
um boneco articulado de madeira, construído de maneira rudimentar,
para realizar um teste de transmissão de TV, isso nos anos 20.


Ele entrou para a história quando foi escolhido pela RCA (Radio Corporation of America) para inaugurar as primeiras imagens experimentais da televisão americana.
Durante semanas, a estatueta do gato de pouco mais de 1 metro instalada numa plataforma giratória, materializou-se nas 60 linhas (parecia uma persiana) que compunham a tela do aparelho, isso em 1929, testado pelo russo Vladimir Zworykin (1889-1982), considerado o pai da TV.

A criação do personagem tem sido atribuída ao cartunista estado-unidense Otto Messmer embora o produtor cinematográfico e também cartunista australiano Pat Sullivan, que detinha os direitos autorais sobre o desenho, se dissesse o criador do gato. Os historiadores acreditam que Messmer tenha sido o ghost-writer de Sullivan. O certo é que Félix saiu dos estúdios Sullivan, alcançando sucesso sem precedentes nos anos 20.











O Gato Félix e seus sobrinhos Inky e Winky no curta April Maze


O sucesso de Félix entrou em declínio no final da década de 1920, com a chegada dos desenhos animados sonoros. Na época, Sullivan e Messmer não quiseram aderir à produção sonora e Félix ficou ultrapassado. Em 1929, Sullivan decidiu finalmente fazer a transição e começou a distribuir desenhos animados sonoros de Félix. A iniciativa fracassou, sendo suspensa no ano seguinte. Sullivan faleceu em 1933.


Félix ainda teve uma breve ressurreição em 1936, com desenhos animados sonoros e em cores, mas Félix estava proibido de aparecer nos cinemas dos EUA e depois, quase desapareceu, mas foi salvo pela televisão, muito tempo depois.


Os desenhos animados de Félix começaram a ser exibidos pela TV dos EUA, em 1953. Joe Oriolo (Criador do Gasparzinho), que dirigia as tiras de quadrinhos de Felix, redesenhou o gato, dando-lhe pernas mais compridas, para uma nova série de desenhos destinados à televisão. Oriolo também acrescentou novos personagens e deu a Felix uma nova bolsa mágica de truques, que podia assumir uma infinita variedade de formas, obedecendo às ordens de Félix.

Atualmente, o personagem continua aparecendo em uma variedade de produtos - desde roupas até brinquedos. Recentemente foi produzida a série The Twisted Tales of Felix the Cat, em que o gato é mostrado com um traço mais antigo, em uma ambientação fantástica, com objetos falantes, além de algumas piadas de duplo sentido, voltadas a um público mais adulto.


 
 
Dentro de um estil clássico de desenho, apesar da nítida evolução com o tempo, Félix é um gato preto, com uma silhueta levemente recurvada, normalmente gentil e alegre, que sempre se mete em confusões.

 

Costuma usar o próprio rabo como ferramenta, algumas vezes retirando-o do próprio corpo - sendo este um dos exemplos mais famosos e antigos dos poderes esdrúxulos dos desenhos animados.


Esta característica surrealista também contribuíram enormemente para ele se destacar e se tornar um dos personagens mais famosos do mundo. Muitos críticos da época faziam grandes análises sobre essas características surrealistas do Gato Felix, bem como suas mãos cruzadas para trás nas costas, seu andar com a cabeça baixa e sua expressão de felicidade, que deixavam todos atônitos e esfuziantes ao perceberem que neste mundo tudo era possível.  


Quando o rabo não é suficiente para a realização do feito, ele rapidamente usa sua bolsa mágica (magic bag of tricks na versão original) para criar desde uma mesa até um navio ou avião.


Felix nunca se separa da bolsa mágica e, embora muitos vilões, como o Professor e seu ajudante Rock Bottom, tentem roubá-la, Felix sempre escapa. Ele também conta com a ajuda de Poindexter, um menino gênio, que, ironicamente, é sobrinho do Professor.

 

Outro vilão que vez ou outra atormenta Felix é o Mestre Cilindro (Master Cylinder), um robô malvado que foi enviado à Marte. Há também o Gênio da Garrafa, que quer colocar Felix na garrafa, mediante algum plano diabólico.

 

Sou fã do Gato Felix desde que tenho 5 ou 6 anos, época em que acordava às 6 da mnhã para assistir ao desenho na Record, mais tarde exibido pela Globo e pelo SBT.
Quando completei 18 anos de idade, fiz minha primeira tatuagem junto com minha irmã. Ela tatuou uma Betty Boop nas costas e eu tatuei um Gato Felix no braço esquerdo, com o tatuador Alessandro, de Campinas.
Isso foi em 1993.


Depois disso, após várias tatuagens, fiz outra do Felix na minha perna direita, presente do tatuador Marco (Gatto Matto Tattoo Studio - Campinas) no meu aniversário de 23 anos, em 1998.
 Tenho lembranças constantes da música que rolava na abertura do desenho, que meu pai costumava cantar pra mim, me chamando de Felix, personalidade que absorvi rapidamente, me identificando pra sempre com essa bizarra criatura. Ei-la para que possam cantar também:

Felix the Cat

The wonderful, wonderful cat

Whenever he gets into a fix he reaches

into his bag of tricks.



Felix the Cat

The wonderful, wonderful cat

You laugh so much, your sides will ache,

your heart will go pitter-pat.

Watching Felix, the wonderful cat.

Coleciono souvenirs de Gato Felix como chaveiros, miniaturas, adesivos, revistas em quadrinhos (em português e holandês), camisetas e tenho até uma réplica de pelúcia.


Principais Fontes Bibliográficas