segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ao Mestre com carinho

Conheçam agora meu verdadeiro Mestre: Schinke.

Nos encontramos pela primeira vez em 1997, na Fundição Progresso na Lapa, centro do Rio de Janeiro, por ocasião da Primeira Convenção Internacional de Tatuagem do RJ.
Fui à Convenção com o Trash (Marchioni Tattoos), com quem trabalhava na época, apenas há um ano e meio profissionalmente como body piercer. Nos hospedamos no mesmo hotel que Schinke, então pudemos conviver mais tempo com ele, no café da manhã e almoço, além do tempo em que passamos juntos no espaço da Convenção.



 Fotos de Xandó Tattoo, na Convenção de Tatuagem de SP de 2002.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aurora das Máquinas Abertas



Registros fotográficos da performance 
ritual de suspensão corporal "Aurora das Máquinas Abertas", 
de Filipe Espindola, Rafael Rosa e Sara Panamby, 
além dos músicos do ORBE.



Edição de Sara Panamby 
com cantos indígenas Karajá, Krenak e Mehinaku. 

Fotos Leandro Pena, Natália Russo e Thiago Ventura.

Apresentação na Galeria Prestes Maia
Virada Cultural São Paulo 2010.

http://viradacultural.org/programacao

Agradecimentos especiais ao Luciano Iritsu (and sista), Janaína Camargo, Manoel Garcia, Gordim, Gordex, T.Angel, André Fernandes, La Negra, Emília Aratanha e todos os não mencionados que ajudaram e contribuíram para que o evento se tornasse um marco na história da Modificação Corporal no Brasil.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Rio de Janeiro a Outubro de 2010

Em janeiro, casei-me com Sara Panamby na Bahia,
na manhã seguinte à noite em que acendemos uma vela azul nesse altar de Iemanjá.

Nestes dias de início de ano, desejei coisas que vêm se realizando de modo a validar minhas rezas e pensamentos sinceros, como por exemplo desenvolver um trabalho, desta vez mais consistente e produtivo, na cidade do Rio de Janeiro, com Sara, cidade onde já me tinha me apresentado duas outras vezes.
 Foi ela quem me mostrou o grupo transnacional LA POCHA NOSTRA, descoberto em seus estudos como aluna do curso de Artes do Corpo - Performance, cujo trabalho vem revolucionando o campo da Performance e das Artes de maneira geral, com sua estética e temática impactante e contundente, política e sarcástica, erótica e bizarra.


 Em outubro, o grupo veio ao Rio de Janeiro para duas apresentações (dias 04/05) no ART CENA Festival em Criação, em performances no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico. Antes disso, realizou na Fundição Progresso, na Lapa, um workshop de três dias durante oito horas por dia, com pessoas selecionadas por dois curadores dos mais gabaritados para a função: Eleonora Fabião e André Lepecki.


Texto do programa do festival sobre o grupo de São Francisco:

'O coletivo transnacional Pocha Nostra traz para a cidade um workshop de performance e a obra "Corpo Ilícito".O workshop será ministrado pelo performer, escritor, ativista e educador Guillermo Gómez-Peña, diretor artístico do Pocha Nostra; pela performer, coreógrafa e educadora colombiana Michele Ceballos e pela artista ítalo-brasileira Dani d'Emilia, cujo trabalho transita por diversas variações interdisciplinares da performance.
O workshop é destinado a artistas e não-artistas de diversas áreas de interesse e tem as seguintes propostas: ajudar artistas e estudantes questionadores a aguçarem e desenvolverem suas capacidades performáticas e analíticas; criar comunidades temporárias de artistas de diferentes disciplinas, idades, etnias e nacionalidades; desenvolver novos modelos de relacionamento entre artistas e comunidades, entre mentores e aprendizes; buscar uma nova estética interdisciplinar e híbrida, que reflita o espírito e as atribulações dos nossos tempos; descolonizar e repolitizar os corpos; tornar a performance pertinente para uma nova geração de potenciais ativistas artistas.

"Corpo Ilícito" foi criado por Guillermo Gómez-Peña com seus parceiros Roberto Sifuentes e Violeta Luna em colaboração com Dani d'Emilia, como parte de uma série de trabalhos intitulada Mapa-Corpo, que pesquisa o corpo humano como lugar de ativismo, de reinvenção de uma espiritualidade radical. A performance lida com o processo de reinvenção que os artistas, residentes no EUA, estão vivenciando com a transição para um novo momento histórico. Eles tentam prognosticar um futuro possível com seus corpos performáticos, explorando o legado cultural do "medo do outro" e do preconceito engendrado na era Bush, em contraste com uma cultura emergente calcada na esperança e na imaginação. "Corpo Ilícito", que surgiu da necessidade que os artistas sentiram de repensarseu posicionamento diante das mudanças sociais e políticas e de reavaliar seu lugar na partilha desse processo de relexão sobre o mundo, estreou na Bienal de Havana em 2009, fez apresentações no Trouble Festival em Bruxelas e em outros festivais.'

Tive a honra de ser selecionado, juntamente com Sara Panamby e mais 18 pessoas de todo o Brasil e outros países, para participar desse incrível workshop, além de performar com o grupo, no festival ART CENA, o trabalho intitulado

Corpo Ilícito:

The Post-Human Society 6.9


http://www.pochanostra.com/
http://www.artcenafestival.art.br/
http://www.youtube.com/watch?v=luLE1dNJm6Q

Seguem a seguir uma pequena seleção de fotos realizadas por Angela Alegria, durante o taller de performance do Grupo LA POCHA NOSTRA na Fundição Progresso, Lapa RJ, nos dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro.

Cierra los ojos.......... and, GO!!!!








Fotos Angela Alegria

domingo, 7 de novembro de 2010

Joalheria para o corpo

Há quase 50 anos uma revolução no conceito de joalheria apresentou ao mundo novas possibilidades de adornos corporais, muito mais saudáveis e satisfatórios que os milhares de modelos utilizados há séculos, por mulheres e homens.


 O jovem Roland Loomis, nascido em 10 de Agosto de 1930 em Aberdeen (Dakota do Sul  EUA), fez seu primeiro piercing aos 12 anos. Sua primeira aparição como Fakir Musafar foi durante a 1ª Convenção Internacional de Tatuagem de Reno, Nevada, em 1977.
 



Fakir Musafar, desde os anos 40 pesquisou em seu próprio corpo qual o melhor material para joalherias que pudessem oferecer segurança em termos de resistência física, higiene, durabilidade, entre outros requisitos que preenchessem as necessidades que suas modificações corporais exigiam.


 Nos anos 60 encontrou pessoas que o auxiliaram na criação de novos modelos de joalheria, baseados em costumes de povos e grupos que tradicionalmente modificam seus corpos. Jim Ward (na foto em sua oficina) fundador da Gauntlet - a primeira loja de body piercing - forjou as primeiras jóias, juntamente com Douglas Malloy e Fakir Musafar que consagraram o aço cirúrgico (316L) como o material ideal para suas novas técnicas, as mesmas utilizadas até hoje com algumas adaptações e poucas alterações no design.

Os novos modelos inovaram na expessura e em um importante detalhe que contribuiu definitivamente para o melhor resultado das perfurações, permitindo que elas pudessem voltar a serem praticadas utilizando todas as partes do corpo tradicionalmente perfuradas como sobrancelha, umbigo, nariz, língua e lábios, além dos mamilos e órgãos genitais. Esse detalhe trata-se da expessura da joalheria ter a medida constante ao longo de todo o seu "corpo" que fica em contato com a área do tecido que a recobre, ou seja, todo o ferimento causado na pele que estará em contato com o brinco constantemente até a cicatrização e mesmo depois dela não será alargado e permanecerá com sua medida constantemente preservada pelo design da jóia, mesmo que esta se movimente.
E as peças que estarão em contato com o ferimento em suas saídas serão esféricas, facilitando a higienização e o não acúmulo de secreção, naturalmente expelida pelos furos durante certo período. Há que se observar o fato de que o aço apresenta-se como material ideal pois pode permanecer por meses, anos, na perfuração sem ser retirado pois sua liga é adaptável ao organismo (bio compatível).

Anteriormente, as jóias - que ainda são usadas largamente por todo o mundo - possuíam fechos finos, de expessura insuficiente para segurar o peso de seus pingentes, provocando cortes nos lóbulos, até chegarem ao extremo de saírem das orelhas, numa espécie de migração da jóia, seguindo a notória Lei de Newton, a Lei da Gravidade.
Me explico: imaginem um balde cheio de água. Como carregar o balde se ao invés de um arame grosso, que é sempre usado como alça, segurássemos todo aquele peso da água apenas com um fino e resistente fio de nylon?
Cortaríamos os dedos, pois o peso não seria compatível à área de contato que o sustentaria (Industrial Streght) assim como o lóbulo da orelha que se corta com o brinco porque é uma parte muito delgada e fácil de ser perfurada, alterada, cortada, alargada, enfim, modificada.


No lóbulo, há que se utilizar uma jóia de no mínimo 1.2mm (18G) ou 1.6mm (16G). Em adultos melhor ainda se a perfuração (piercing) for de 2.0mm (14G), o dobro da expessura que verificamos nos brincos de tarracha, por exemplo, que possuem 1.0mm (20G), ou aqueles em forma de anzol, que chegam a ter 0.8mm (22G), muito finos para suportarem pingentes que muitas vezes são bem pesados.
Além de muitas vezes o brinco ter medida insuficiente no comprimento da área que fica dentro da perfuração, que fica comprimida pela tarracha e a frente da peça, ou no caso das argolas a parte mais grossa entra no furo, alargando-o de forma indesejável, sem contar que estas argolas costumam ser de prata ou outro metal inferior, todos oxidáveis e portanto prejudiciais ao organismo, o que não acontece com o aço cirúrgico, que é inoxidável.


A revolução promovida por Fakir Musafar, Doug Malloy e Jim Ward (foto), consistiu em modificar o design das jóias de modo a proporcionar uma melhor cicatrização, permitindo que elas fossem feitas em diversas partes do corpo, como eram tradicionalmente realizadas por comunidades tribais, povos ditos "primitivos", mas dessa vez com materiais modernos como o aço das jóias e das agulhas que passaram a ser descartáveis, além dos novos conceitos de higienização e redução de danos, que vieram a somar e unir duas áreas distintas: a medicina e a arte. O conhecimento e a tradição dos povos antigos e o materiais e técnicas modernas, daí o termo cunhado por Fakir nessa época: Modern Primitives, referindo-se aos novos praticantes de modificação corporal, os "Primitivos Modernos".