terça-feira, 1 de junho de 2010

UNIVERSO PARALELLO 10, por Murilo Ganesh


Agora as impressionantes imagens de Murilo Ganesh feitas no festival UNIVERSO PARALELLO 10, realizado na Ilha D'Ajuda (Praia dos Garcez) no sul da Bahia, virada de 2009 para 2010.


Esse ano me apresentei com Sara Panamby - no Palco Circulou na noite do Crepúsculo para maiores de 18 anos - fazendo a performance PÉROLAS AOS PORCOS.













Algumas alterações foram feitas para esta performance em que costuro pérolas na coluna de Sara.
Ao invés da cartola preta, usei na cabeça um lori-lori, peça indígena brasileira usada em rituais; ao invés da saia preta, saia branca e ao invés de alargadores de aço, alargadores de jarina (marfim vegetal). Sara dispensou o tradicional salto alto e entrou de pés no chão, na areia.



Outra performance que realizamos foi a de Casulos, de Otávio Donasci, que fizemos eu, Sara, Rafael Rosa e Milze Kakaua, com o auxílio do Marquinho e da Vanessa, Yuri e Plebeu. Foi realizada na área do Chill Out, dia 30 de dezembro de 2009.


Mas o Chill Out voltou a ser nosso local sagrado dia 3 de janeiro deste 2010.
Escolhemos o set final do chillas pra celebrar nosso casamento, já retratado em outro texto neste blog, com as belas imagens de Beto Vilela (RJ), conduzido pelo nosso Padim Michel Alquimix, que tocou fundo em nossos corações e de todos os presentes com sua parceria com Dj Nuts e Buguinha Dub, desde a noite anterior no Baile do Mela Calcinha, até o final desde último dia 3, dia de nossa celebração que foi abraçada amorosamente pelos Djs desse palco, acolhidos por Davi, pela Jurema e por todos que presenciaram.


Antes de dançarmos o set inteiro do Rica Amaral, com músicas ciganas de casamento, pegamos um barco e fomos para uma ilha no meio do rio mar, em frente à festa, fazer nossas fotos de núpcias, com Murilo Ganesh. Encontramos com Murilo, Thaís, Marília, Bárbara e atravessamos o rio.


Comemos camarão, bebemos e brindamos.
Tomamos água de côco. Nadamos nus e fomos fotografar.


Foi uma experiência rizomática, um estado de não-lugar, semelhante ao que vivenciamos durante nossa suspensão, recentemente, de nos conectarmos com tudo o que nos cercava e nos atravessava numa relação espaço tempo de sentir tudo o que fizemos durante todas as nossas vidas nos pertencendo naquele momento, e nos abandonando no mesmo instante, para nos tornarmos outros, contínuos ainda que por um único instante, que foi real, eterno, marcante como uma tatuagem no rosto, um sorriso constante.


E novamente tudo se resignificou, como se atualizássemos todo nosso conpêndio de informações sensações emoções memórias, como se tivéssemos dado um upgrade.


Murilo conseguiu captar de forma original e extremamente natural todo o envolvimento que sentíamos e que transbordava, entre nós e entre nós e o lugar, nós e o festival, nós e tudo o que experimentávamos naqueles dias de universo paralello real.















Durante todos os dias em que nos preparamos para ir ao festival, sabíamos que estávamos nos preparando para algo que marcaria nossas vidas para sempre, como se nos dirigíssemos para um portal, um ritual de passagem.
Pensamos até em nos suspendermos, mas logo no início percebemos que não seria ideal para nós esse procedimento ritual, e resolvemos deixar os dias fluírem até que aparecesse o melhor jeito de celebrarmos nossa união.


Assim que encontramos Michel e passamos o dia juntos tudo foi fluindo, a situação foi se formando. Estávamos desde que acordamos em um estado de felicidade e tranquilidade incomuns.


Durante nossa sessão de fotos, interagimos com elementos do lugar: água, areia, algas, ar e a luz mais clara do novo ano, meio dia sob o Sol da Bahia.


Ao final de uma série de mais de 100 imagens feitas por Murilo, percebemos um grupo de índios Kamaiurá, apenas homens, que se aproximou para ver o que estávamos fazendo, discretamente, mantendo distância respeitosa.
Conversamos com eles e compartilhamos nossa experiência matrimonial; fomos imediatamente convidados por eles para conhecer seu grupo que estava participando do festival  para que pintassem nossos corpos com pinturas para o casamento, convite mais que especial que foi atendido horas mais tarde.



Ao final da conversa, como que de forma mágica e surpreendente nos organizamos em círculo e iniciamos uma roda que se estendeu por uma eternidade, poucos milhares de segundos minutos que ficarão para sempre em minha memória.


Assim começou nosso casamento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário