Já furei muuuuuitas orelinhas de nenê.
Em geral, são filhos e principalmente filhas de casais amigos ou pessoas que decidem não furar suas crianças em uma farmácia ou mesmo na Maternidade, hábito muito comum aqui e em muitos países.
É super sossegado e muito mais seguro pelo método tradicional introduzido pelos studios de Body Piercing, feito com agulhas descartáveis e jóias de aço cirúrgico, do que furar com aquelas pistolas de brinco de tarracha, utilizadas em farmácias, em quase todos os países do mundo a partir dos anos 80.
Os pais passam muito mais segurança para a criança
que quando fura a orelha em seu próprio ambiente, em seu quarto por exemplo,
fica visivelmente mais tranquila e confiante, permitindo a melhor realização da perfuração.
Antes de furar, é possível examinar bem a orelha, iluminar com lanterninha para identificar possíveis "obstáculos" e detalhes para a escolha do local correto e ainda realizar uma pesquisa rápida sobre possíveis pontos de acupuntura para que não sejam perfurados, o que poderia ser muito indesejável tempos depois, caso alguma reação ocorrece.
Antes de furar, é possível examinar bem a orelha, iluminar com lanterninha para identificar possíveis "obstáculos" e detalhes para a escolha do local correto e ainda realizar uma pesquisa rápida sobre possíveis pontos de acupuntura para que não sejam perfurados, o que poderia ser muito indesejável tempos depois, caso alguma reação ocorrece.
A criança, que às vezes é tão nova que transfere o ocorrido para seu subconsciente depois de seu crescimento e passa a nunca mais se lembrar; mesmo assim, aproveitará melhor sua experiência se tiver um bom registro dessa situação, pois ela certamente ficará marcada em sua essência e para sempre em seu corpo.
Em São Paulo, a pequena Joana, meu amigo Camilo e sua companheira Nara.
Pistolas de furar de farmácia podem transmitir doenças como a Hepatite e o vírus do HIV, entre outras possibilidades de contaminação, pois propiciam o acúmulo de resíduos de tecidos das pessoas perfuradas no corpo da máquina que não é esterilizada, somente higienizada quando muito com álcool, e guardada na gaveta da farmácia pelo balconista - quase nunca é um farmacêutico - até o próximo cliente.
Em depoimento sobre o tema, disse Ana Cristina Irias (Tina): "...por isso que não uso brinco, furaram a minha orelha com a makininha, quande eu era criança. Alem de ficar desigual, uma orelha com o furo muito baixo e a outra muito alta, deu alergia, e nunca fechou...entao tenho medo de furar de novo e rasgar...".
Em depoimento sobre o tema, disse Ana Cristina Irias (Tina): "...por isso que não uso brinco, furaram a minha orelha com a makininha, quande eu era criança. Alem de ficar desigual, uma orelha com o furo muito baixo e a outra muito alta, deu alergia, e nunca fechou...entao tenho medo de furar de novo e rasgar...".
Aliás farmácias são lojas de vender drogas (Drograrias) prescritas e legalizadas, não são locais para se furar as orelhas, nem o umbigo, nem sobrancelhas, nem nariz, nem nada.
As "jóias" são peças inadequadas para cicatrização ideal, com as horríveis tarrachinhas para fechar, excelentes para juntar secreção e de metal inferior ao do brinco enferrujando muito facilmente.
Além da pressão fechar o brinco muito apertado, é necessário retirar a tarracha - o que normalmente necessita o uso de certa força - e fechar a jóia novamente, recolocando a tarracha com menos pressão.
Júlia, trazida pelos pais para fazer o segundo furo no lóbulo direito, com jóia de 1.2mm (18G), um microbarbell reto de aço cirúrgico de 8mm de comprimento.
Júlia furou seu lóbulo, sua mãe Denise e seu irmão Igor furaram a cartilagem.
Os três acabaram por transformar a história toda num ritual de passagem coletivo, familiar.
A união entre eles se fortaleceu ao passarem, juntos, por uma situação de enfrentamento, de vivenciar e superar a dor, de embelezar-se de maneira semelhante mas cada um com sua peça personalizada. Diferenciação e repetição; aproximação e identificação.
Denise, mãe de Júlia e Igor, me conheceu através de sua sobrinha Rebeca, minha cliente que já virou amiga. Ela sempre fez seus piercings comigo e já se vão mais de 10, a maioria nas orelhas, umbigo e nariz, que perfurou a última vez na presença de sua irmã mais nova, Sarah, que na ocasião queria muito furar mas decidiu esperar, até sentir-se pronta o suficiente para enfrentar o medo da dor e aceitar sua importante transformação, de natureza psicofísica.
Esperou, voltou e furou. E ficou linda!
O importante é que me sinto muito à vontade para indicar o que penso ser mais adequado para cada pessoa, oriento qual a melhor jóia a ser colocada, o melhor local do corpo, em que fase da vida, ética que sempre tive em todos meus 15 anos de perfurador corporal.
O ritual primitivo, modernizado com o aço.
Luvas, máscara, agulhas descartáveis
e um sentimento intenso de eufórica felicidade.
Realização.
Para mim, uma grande honra poder testemunhar momentos tão importantes na vida de pessoas que buscam na modificação corporal por perfuração, ou seja através do Body Piercing, uma forma de concretizarem desejos e sentimentos intraduzíveis.
E por confiarem a mim tarefa tão importante, de tamanha responsabilidade.
Linda reportagem!
ResponderExcluirParabéns meu amigo, estamos com saudades!
Beijo em sua borboleta!
Que bonito!
ResponderExcluirBeijo.